Património Natural

Home / Patrimónios / Património Natural

Património Natural

Na base do desenvolvimento de qualquer Património Cultural está o Património Natural do local, pois as vivências humanas, principalmente as do passado, encontram-se condicionadas pela envolvência natural.

Em Ourém, saltam à vista as feições geomorfológicas, distintas, entre o norte e o sul do concelho, em que o modelado suave do norte contrasta com a serra e as elevações do sul.

A causa principal está no tipo de rocha (geologia) existente em cada local. Essas diferenças refletem-se na restante natureza, como a paisagem, a flora e a fauna, mas também se refletem no património construído, nas culturas agrícolas e nas profissões ancestrais (mais antigas e tradicionais) praticadas no nosso território.

Além das áreas rurais e de solo rústico que visam contribuir para a manutenção da diversidade dos habitats, das espécies florísticas e faunísticas e das paisagens, e devido ao elevado valor do seu Património Natural, o concelho de Ourém incorpora parcialmente duas Áreas Protegidas 1 que integram a Rede Nacional de Áreas Protegidas – RNAP, criadas ao abrigo da Diretiva Habitats (Diretiva 92/43/CEE do Conselho, de 21 de maio de 1992), as Zonas Especiais de Conservação (ZEC) da Rede Natura 2000, o Sítio Serras de Aire e Candeeiros (PTCON0015) 2, numa área de 1.195ha e o Sítio Sicó-Alvaiázere (PTCON0045) 3, numa área de 1.777ha (Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de julho).

 



Notas:

1https://geocatalogo.icnf.pt/geovisualizador/areas_classificadas/ 

2 Sítio: Serras de Aire e Candeeiros (PTCON0015)
Na Serra de Aire localiza-se no ponto mais alto do território do concelho de Ourém, a 677m de altitude. Aqui a área ocupada pelo Sítio Serras de Aire e Candeeiros é coincidente com a área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
A Serra de Aire integra-se no Maciço Calcário Estremenho, no seu extremo norte, e é nesta que se encontra o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire, de elevado interesse paleontológico.
O Sítio possui um elevado valor para a conservação da vegetação e da flora, já que as características peculiares da morfologia cársica conduziram ao desenvolvimento de uma vegetação esclerofílica e xerofílica, rica em elementos calcícolas raros e endémicos.
Merecem destaque as lajes calcárias, dispostas em plataforma praticamente horizontal percorrida por um reticulado de fendas (8240*), os prados com comunidades de plantas suculentas (6110*), os arrelvados vivazes, frequentemente ricos em orquídeas (6210), os afloramentos rochosos colonizados por comunidades casmofíticas (8210) e os matagais altos e matos baixos calcícolas (5330), caso dos carrascais.
Também de realçar são as grutas e algares (8310), que proporcionam peculiares condições de micro-habitat possibilitando o refúgio de um interessante elenco florístico.
De referir a ocorrência de cascalheiras calcárias (8130), nas quais a vegetação devido à instabilidade do substrato e à ausência de solo à superfície dificilmente se instala.
Importantes são ainda os carvalhais de carvalho-cerquinho (Quercus faginea subsp. broteroi) (9240), de um modo geral localizados no fundo dos vales, os louriçais (Laurus nobilis), com presença frequente de Arbutus unedo e ocasional de Viburnum tinus (5230*), os prados de Molinia caerulea e juncais não nitrófilos (6410) e os charcos mediterrânicos temporários (3170*).
O elenco florístico do Sítio é absolutamente notável dada a presença de inúmeras espécies raras e/ou ameaçadas, muitas delas endemismos lusitanos, como Arabis sadina, Narcissus calcicola, Iberis procumbens ssp. microcarpa e Silene longicilia.
Inclui várias grutas importantes para morcegos, entre as quais se destaca a que abriga a única colónia de criação de morcego-lanudo (Myotis emarginatus) conhecida no país.
De referir ainda outras grutas com colónias de hibernação e criação de morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersi), morcego-rato-grande (Myotis myotis) e morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale).

3 Sítio Sicó-Alvaiázere (PTCON0045)
O Sítio Sicó-Alvaiázere possui uma elevada diversidade de habitats associados ao substrato calcário. Inclui as maiores e mais bem conservadas áreas do país de carvalhal de carvalho-cerquinho (Quercus faginea subsp. broteroi) (9240) e manchas notáveis de azinhais (Quercus rotundifolia) sobre calcários (9340), em bom estado de conservação. Merecem destaque os habitats rupícolas, ricos em flora diversa, caso dos afloramentos rochosos colonizados por comunidades casmofíticas (8210) ou das lajes calcárias, dispostas em plataforma praticamente horizontal percorrida por um reticulado de fendas (8240*), e os prados com comunidades de plantas suculentas (6110*) e os arrelvados vivazes, com abundância de orquídeas (6210). Ocorrem também cascalheiras calcárias (8130), pobres em vegetação pela instabilidade do substrato e ausência de solo à superfície.
Troços significativos das margens do Rio Nabão e de alguns dos seus afluentes são ocupados por uma galeria praticamente contínua, em bom estado de conservação, de diversas espécies arbóreas ripícolas, assinalando-se a ocorrência de galerias dominadas por choupos e/ou salgueiros (92A0) e de bosques ripícolas e paludosos de amieiros ou salgueiros (91E0*).
O Sítio constitui-se como uma das áreas mais importantes para a conservação da flora calcícola, sendo de realçar o Juncus valvatus, um endemismo lusitano.
O Rio Nabão é um dos poucos locais de ocorrência confirmada da lampreia-do-Nabão (Lampetra auremensis).
O Sítio inclui vários abrigos de morcegos importantes a nível nacional, que albergam colónias de criação de morcego-rato-grande (Myotis myotis), de hibernação de morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum) e de criação e hibernação de morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersi).

Mais sobre Património Natural: